segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

bonitinho, mas envenenado...

assim anda o prato nosso de cada dia.
Depois de percorrer o Rio Grande do Sul, documentando especialmente o cultivo de fumo e soja, mas visitando também pequenos agricultores que plantam arroz e outros alimentos, eu e minha parceira de estrada, Helene Pailhous, viramos o Espírito Santo registrando o impacto do uso de agrotóxicos na saúde dos trabalhadores e do meio ambiente. A razão de tantos kms rodados, alguns ainda por fazer, é a produção de um documentário dirigido por Silvio Tendler, que engrossará o caldo da campanha nacional contra o uso de agrotóxicos lançada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e encampado pela Via Campesina.
Trazendo na mala tristes relatos, informações de arrepiar, cabe-nos comunicar aos que curtem uma águinha de coco gelada depois da corrida, ou mesmo no dia seguinte àquela enfiada de pé na jaca, que nem esse fruto de casca grossa está limpo da enxurrada de veneno, que vem pelo ar e pelo chão. No caso do coco é utilizado um agrotóxico sistêmico: lançado na terra, é absorvido pela planta "entrando em sua circulação". E aí...
E o cafezinho? Quase 65% da produção nacional da espécie robusta (Conillon) se dá no Espírito Santo. Municípios capixabas como São Mateus e Jaguaré são campeões em uso de veneno, lançado por aviões que encontram em sua rota residências, igrejas, escolas. Os problemas de saúde são comuns e vão desde reações alérgicas a cânceres, óbitos e má formações fetais.
Claro que, passando pelo Espírito Santo, não podíamos deixar de registrar o avanço descontrolado do chamado deserto verde pelo Estado. Os eucaliptos dominam a paisagem e os agricultores, escravizados pela Aracruz Celulose. Aliás, Fibria, nome novo que a empresa recebeu a partir de seu casamento com a Votorantim Celulose e Papel. Segundo um companheiro do MPA, cada pé de eucalipto consome, em média, 20 litros de água por dia. O Movimento lançou uma cartilha que informa aos pequenos agricultores sobre o "fomento florestal", apresentado a eles como  oportunidade imperdível,  por grandes empresas do agronegócio como a Fíbria:

http://www.wrm.org.uy/paises/Brasil/Fomento_Florestal.pdf

Boa leitura!

2 comentários:

  1. Que legal, Aline... a sua amiga tem razão... vc tem muita coisa para contar! Maravilhosa iniciativa!
    Bjão
    Lúcia

    ResponderExcluir
  2. Agora li a postagem...Fiz um trabalho no Espirito Santo em 2008 e vi muito do que vc conta. Meu trabalho foi exatamente sobre destinação de residuos e na área rural era um capitulo a parte a destinação de embalagens de agrotoxicos... tivemos relatos de reuso doméstico de embalagens depois de uma "lavadinha"... Depois precisamos trocar umas figurinhas... Nosso foco foi na região do Caparaó que tem um consorcio intermunicipal muito preocupado e ativo para as questões ambientais... espero que ainda esteja ativos!

    ResponderExcluir