quarta-feira, 2 de março de 2011

Anderson riu

Cidade Tiradentes, 22 de fevereiro de 2011, capturando retratos na beirada da favela próxima ao terminal de ônibus.
Anderson (se não me engano), 8 anos (ao que me parece), se aproxima de bicicleta, acompanhado de uma menina. Ele, magricelinho e sem camisa. Ela, rolicinha e cheia de graça. Ele pára diante da câmera e abre um sorriso econômico, todo comido pelas cáries. Meu instinto materno não se aguenta e eu solto um "alguém não tem escovado muito bem os dentes...". Ao que ele responde para a câmera: "meus dentes ainda estão podres". Eu peço licença para o retrato e ele assente. Peço que sorria e ele se recusa: "já dei". E o diálogo segue mais ou menos assim:
Eu: não sai mais um sorriso?
Anderson (se não me engano): não. O outro é secreto.
Eu: secreto?
Ele: é. meu sorriso é muito poderoso.
Retrato feito mesmo sem sorriso, ele pede que façamos também o da menina, que sorri generosamente, sem nenhuma cárie. O nome dela? Aninha, com certeza. É sua irmã.

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